sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Tia...Compra uma bala?




Um sinal fechado
Uma bala sem doçura
Olhos tristes
Distantes
Ausência de infância
Franzino
Pequeno
Sozinho.
Uma criança
Sem inocência
Sem bola
Sem pipa
Sem fantasia.
Eu
Não posso te ninar
Com fábulas
Te agasalhar
Ao anoitecer.
Aninhar-te em meu peito
Quando sentires medo.
Abre o sinal
Não consigo partir
Absorvida pela tua sorte
Buzinam
Desvio o pensamento
Calo o coração
espreito pelo retrovisor
ao meu lado carrego: a angústia
e a amargura da bala.

4 comentários:

Daniel disse...

Essas crianças fazem pena, causam dó. E que é que a gente pode fazer? Um poema, pois é... Não temos a solução, querida Cristina.
Há muitos anos, na praça em frente à igreja do Santo Cristo, um miúdo pediu-me dinheiro "para comprar pão". Mesmo ao lado, à sombra de um metrosídero, havia um carrinho de gelados. Eu perguntei-lhe: "Tu queres é um gelado, não é?" O pequeno respondeu com sinceridade, que sim. Eu dei-lhe o dinheiro para o gelado e disse: "Tu tens o mesmo direito dos outros."
Mas fica-mos sempre aquele amargo de não podermos ser a solução. Ou ter a solução.

Daniel disse...

Claro que eu quis dizer "fica-nos".

Anônimo disse...

Subscrevo inteiramente as palavras do Daniel e quanto mais envelheço, fica-me um não sei quê de arrependimento por fazer tão pouco pela humanidade.
Tento ajudar toda a gente, não guardo rancor a ninguém, mas fica-me um vazio e não sei como é que vou explicar junto de Deus as minhas omissões.
LIA

deyse disse...

Alguém pelo amor de Deus me responda:
O que fazer qdo uma criança nos pede uma bala para adoçar um pouco as suas vidas tão amargas,qdo lemos em seus olhos, que o que nos pedem é proteção, carinho, amor, aconchego? Socorro!!! Como podemos dormir com estas imagens na mente?
A humanidade virou pedra? Deyse