segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Daniel de Sá.


Iluminando Pasárgada neste início de semana. A viagem em prosa.
Está água é como a alma do escritor Daniel de Sá. Narrações, poemas, fatos históricos, romances,crônicas,etc...Ela está lá a roubar a cena. Está alma-água que tanto admiro,e que me causa tanto encantamento. Difícil Daniel algum leitor lhe ser indiferente. A viagem com alma continua...


Há mais água na paisagem.


A água! Quase não há pintor que lhe seja indiferente. Ela é princípio e acabamento da paisagem. Ela recria as cores e as formas à sua volta. A água é como uma papoila numa seara: quando está presente, o tema principal é ela. Num bosque com riacho, o que vemos é um riacho no bosque. A uma flor com uma gota de água transformamos em gota de água numa flor.
Em S. Miguel a água é uma presença constante. Se não está à vista, está o verde, que é seu filho. Saltando numa cascata, saltitando nas pedras de uma ribeira, sossegada nas muitas lagoas, fervendo nas “caldeiras” das Furnas ou da Ribeira Grande. E com todas essas formas ou aparências no mar, de que qualquer ilha do tamanho desta faz parte. Uma ilha assim não é mais do que o mar interrompido.
O viajante guarda no lugar onde se guardam os afectos uma lagoa que, de tão bem guardada pela natureza, poucos há que a visitem. É a da Congro, a meio do “caminho da Vila”, que vai da Achada das Furnas para a estrada de Vila Franca. Tem tal nome porque pertencia a um homem tão rico que o chamavam Congro, por este peixe ser considerado o maior do mar, disse Frutuoso. Fica no fundo de uma cratera que parece ter sido desenhada a compasso. As margens, escarpadas, são cobertas de matagal tão denso, que não há nele ninho de ave que não esteja seguro. Um requinte mimoso da natureza, no meio da falha geológica mais activa da ilha. E que tem o nome desta e da lagoa do Fogo, perto da qual se construiu uma central geotérmica que fornece mais de quarenta porcento da electricidade que se consome em S. Miguel. Ao lado, o que resta de uma pequena lagoa eutrofizada, um jardim aquático de nenúfares, que no seu esplendor era uma visão impressionista em tons rosa, amarelo e branco.
Para quem gosta de coisas simples, ou da simplicidade das coisas, há ainda outra lagoa a não perder, recomenda sempre o viajante. É a lagoa de S. Brás, com uma boa estrada que começa quase em frente da famosa Fábrica de Chá Gorreana. A palavra está gasta, dita e redita, mas de utilidade comprovada porque é verdadeira. E o viajante não se sente fornecido de outra que a substitua com vantagem: bucólica. A paisagem, claro. Árvores de um lado, pastagens do outro, sons de água acariciando os juncos e de pássaros cantando a vida.
(De um texto para um livro turístico a publicar pela Ver Açor.)

4 comentários:

Anônimo disse...

Sr.Daniel de Sá
Tenho acompanhado os seus textos e são muito bem construidos.
Descreves esta ilha com maestria.
Tens aqui mais um leitor e admirador.
Não vou assinar este post porque a menina Cris vai descobrir quem sou.
Quero dizer que este texto impressionou-me muito.

Cris disse...

Todos os apreciadores de Daniel de Sá são muito bem vindos em Pasárgada.E os tenho como amigos.
Também adoro estes textos,são deliciosos.

Anônimo disse...

Já até chego a acreditar que nunca verei um só texto de Daniel da qual não me emocione.
Sempre muito bem feitos,já sou fã.
Um grande beijo em Daniel!

Beijos mãe,te amo!

Anônimo disse...

Cadidato
Obrigado por ter lido e ter dito que gostou. Pode poupar letras não escrevendo "Sr.".
Cristina e Thaís, vocês também me emocionam. E sem o risco de um dia me desiludirem. Eu posso ser menos feliz em algum texto, qualquer dia, mas vocês não mudam, eu sei.
Gostaria de poder abraças ambas num único abraço.
Daniel