domingo, 17 de maio de 2009

Gosto da ausência de leis dos coelhos.


Talvez esteja naquela escala em que não seja tão boa para ser bicho e não consiga atingir a “grandiosidade” humana. Complicou mesmo.

Um simples coelho. Rodopiou a minha volta tantas vezes, provocando-me sorrisos ao desfilar sua graciosidade. Não sei se acontece com todos, mas tenho necessidade de tocar o que me fascina, e não seria fácil alcançar aquela criaturinha...Tão arisca , rápida, atenta. Ao menos que fosse sua vontade estar comigo. Quisera ter a mesma sorte com os humanos. Aquela criaturinha de Deus escolheu o meu colo. Claro que me observou por umas duas horas. Coelhos não são impulsivos. Adormeceu em meus braços... Coelhos ignoram se meus braços envolvem leprosos, se embalam crianças aidéticas, se durmo abraçada ao Toby, se minhas unhas são ruídas, se tenho dificuldades em usar sapatos, se muitas vezes choro sem ser triste, ou brinco quando estou triste demais, se amo o impossível, se quero o que não posso ter e ainda assim acho que vale pena o querer, se encontro o amor num livro, se muitas vezes quebro o silêncio da leitura com uma gargalhada ou indagação: Como pode dizer uma coisa dessas? Você enlouqueceu? Como assim? Por que fez isso?,
Descobri que coelhos não me julgam por discutir com um livro...

Os homens costumam confundir a justiça divina, com a humana . Classificam. Estão sempre a comparar o que Cristo falou, com o que os homens interpretaram, ou fizeram com suas palavras. As leis divinas não estão em papéis, elas pulsam na natureza, dentro de cada ser vivo. Seja homem, coelho ou algo como eu... Não sei brincar de ser gente grande, desconheço as regras do jogo. Não entendo esses duelos humanos, acho-os tão desnecessários. Se você diz a um amigo que se apaixonou, ele faz perguntas como: Idade, tipo físico, titularidades, escala financeira, onde mora, qual a marca do carro... Enfim, nunca perguntam o que é essencial. Isso parece não importar. Não é importante saber que desejas aquela companhia mais que qualquer coisa no mundo inteiro, que quando estão juntos, a vida parece vibrar numa melodia encantada, que tudo ao redor é ternura, suavidade, e que a vida ganha um sentido muito especial. Há coisas que só podem ser sentidas, e essas não são explicáveis, desconfio que coelhos saibam disso.
Sabe de uma coisa,vou continuar respondendo aos julgamentos embalando coelhos...

10 comentários:

Ibel disse...

Então o que tu dizes é ou não muito mais encantador do que o escreve o Miguel de Esteves Cardoso?
Também gosto de coelhinhos, cris,e, se fosse um deles, saltaria para o teu colo e obrigava-te a escrever um livro sobre um olhar ou um amor que se encontra nos livros.
Toma lá beijos nesse coração,"palhaço de Deus"

Cris disse...

Minha querida Lia
Não precisas ser uma coelhinha para que deseje colocar no colo...
Sabe acabo por me convencer que vale muito a pena escrever esse livro, porque desejas ler...E isso é o essencial.
Posso afirmar que podemos encontrar o amor dentro de um livro,ainda que não esteja procurando.Sendo assim,concluo que não encontrei,fui fisgada por um olhar que discerne de todos os outros na multidão.Ah quantas coisas descobri no tal livro pulsante...mas,corro o risco de me internarem se lerem o que tenho para contar.
Estou realmente tentada a correr esse risco...
Beijos recebidos e retribuidos minha flor.

samuel disse...

O coelho apenas pressente e sente. Se ele se sente bem nesse colo é porque isso é o que está certo.

Abreijos.

Daniel disse...

O Samuel tem razão.
Os homens podem enganr ou enganar-se. Os animais, não.

Cris disse...

Queridos amigos, Sam e Dan,
agradeço do fundo do coração a gentileza.
Reconheço ser complicada a tarefa de comentar um texto nada,com nada,como esse.
Acabei por filtrar o dia e me deter apenas na parte boa...ou quem sabe educar a indignação.
Desenvolvendo esse raciocínio vamos voltar a falar do coelho.
Estou aqui pensando, se o tal coelho, adormeceu em meus braços,e se a impressão deste, é aceita por meus amigos,concluo que não me condenam por conta dos meus outros amigos diferentes,aqueles que o povo não quer ver,ou ouvir falar...E julgam-me ter um gosto "estragado", e que sou insensível por conseguir estar com eles brincando. E não adianta explicar que:O que destrói de vez um outro ser humano é nutrir por ele piedade e deixar isso evidente. E também não adianta tentar explicar, que Deus não tem nada haver com isso. Está tudo invertido, o homem cismou que Deus condena e então resolveu julgar e condenar também o seu Deus,afinal, quem é Deus perto do homem das máquinas hoje?
Já que estamos nessa onda de conclusões,aproveito para concluir que não faz diferença para vocês, se gosto de andar descalça,se corto minhas unhas com os dentes,se meu companheiro de sonhos chama-se Toby e está um tanto...desgastado... remendado(nada que o comprometa)e... aqueles outros detalhes que o tal coelho nem levou em consideração.
E olha que coelhos são desconfiados... Mais uma vez, concluo que: Se tudo der errado... não preciso mais virar Hippie, posso criar coelhos.
Um monte de beijos para os meus amigos cavalheiros.

Anônimo disse...

Ainda bem que não sabe brincar como gente grande. Deve ser por isso que o coelho escolheu os seus braços para dormir, pois como uma criança que sempre será; doce e afetuosos são seus sentimentos. Sem julgar faz com quem está ao seu lado se sinta seguro e tranqüilo a ponto de se entrar nos mais profiundos sonhos.
Beijos
Anônimo

Elisabete disse...

Acho muito bem que continues respondendo aos julgamentos embalando coelhos...
Um grande beijo de quem não se importa nada que andes descalça ou cortes as unhas com os dentes.

Cris disse...

Anonimo
Bem que você poderia ter um nome.
Posso arrumar um se precisar.
Tínhamosuma sorveteria no Rio de Janeiro que se chamava: Sem nome.E isso complicava,exemplo marcar um encontro na sorveteria sem nome,era divertido,até fazer a pessoa entender que esse era o nome da tal sorveteria...
Não posso afirmar que as pessoas sintam-se seguras e fortes ao meu lado,isso é um tanto suspeito,afinal,olho para os lados e não há ninguém em especial,apenas de passagem como o tal coelho.
Quanto aos julgamentos,eles são inevitáveis,julagamos quando fazemos escolhas,ou analisamos algum assunto,o que procuro domesticar é o ato da condenação.
Penso não ter esse direito.
Agradeço o carinho.

Cris disse...

Elisabete minha Flor.
Sendo assim, penso que temos muitas coisas em comum,além de guardar areia preta num vidrinho,e amar aquela ilha.
Vou ficar com o julgamento dos coelhos,afinal,eles desconsideram um monte coisas que dificilmente vou conseguir mudar.
Recebo o beijo e retribuo com muito carinho e cumplicidade.

Anônimo disse...

Olá Cristina
Agradeceria muito se me desse um nome. Vindo de você, tenho certeza, que será lindo, seja lá qual for o nome que desejar me batizar.
Em relação ao carinho, isso é você que nos dá. Todo dia, antes de entrar em seu blog, fico imaginando quais as palavras que escolheu para, em forma de texto, nos abençoar.
Continue escrevendo sempre e abençoando a todos que a leem.
Como diz a Lia: Toma lá beijos nesse coração,"palhaço de Deus