terça-feira, 5 de maio de 2009

Acerca do amor


Era a hora do ocaso. O cowboy solitário atravessara rios, bosques, o calor do Sol. Ficou por momentos em silêncio, a contemplar a cena. Um montículo de terra ainda sem ervas fazia perceber que aquela sepultura era recente. Dois paus cruzados eram a cruz. De joelhos, em frente da cruz, um homem jovem chorava de mãos postas e cabeça baixa. Quando levantou a cabeça, olhou o estranho por entre a cortina das lágrimas, mas nada disse. O cowboy perguntou-lhe: “Tu amava-la muito, não amavas?” O homem respondeu com outra pergunta: “Como sabes que «ela» era «ela»?” O cavaleiro solitário explicou: “Só por uma mulher um homem chora assim.”

Daniel de Sá.


"Enganar-se a respeito da natureza do amor é a mais espantosa das perdas. É uma perda eterna, para a qual não existe compensação nem no tempo nem na eternidade: a privação mais horrorosa, que não é possível recuperar nem nesta vida... nem na futura!" (Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês)

2 comentários:

Anônimo disse...

Tanto Daniel de Sá como Soren Kierkegaard tem razão.

Ibel disse...

Daniel,

Só vejo um homem a chorar dessa maneira pela perda da mãe.E daí não sei.Vi o meu pai chorar duas vezes:a primeira,tinha eu 3 anos quando a minha avó faleceu; a segunda quando a minha mãe foi operada aos olhos.Não sei a razão deste pensamento, se calhar injusto,tanto mais que imagino o meu marido a chorar assim por mim, mas sem lágrimas.Acho que ele não vivia sem a sua Isa.