sexta-feira, 24 de julho de 2009

Discutindo relacionamento com o meu sonho...(rascunho)


-Meu docinho
-Posso explicar... Escute minhas razões, não vou tentar os matemáticos e físicos.
-Vou pegar um espelho, pode ser que isso facilite um pouco nosso entendimento.
- Não pode me julgar sem se auto condenar. Afinal, somos feitos do mesmo tecido.
Credo !!! Foi a resposta do meu sonho.
Nossa essa foi forte, vou tentar abstrair e dar um desconto, afinal... Sei que está mesmo magoado comigo. E o momento exige cautela.
-Querido
-Não sei ser de outra forma... E ninguém pode ser julgado por fazer o melhor que sabe ser.
Ele me ignora...Nem sequer olha wem minha direção...Preciso respirar fundo... Tentar encontrar qualquer palavra que tenha força para transpor essa fronteira. Conheço sua sensibilidade e uma bola fora seria definitivo nesse momento.
Arrisco:
-Podemos tentar separados... Entretanto, a vida perde sua parte milagrosa quando te afastas como agora... Por que me viras o rosto, enxergo apenas uma longa e ampla estrada, todas as flores parecem comuns,e o mar passa a ser obstáculo,deixa de ser mistério.
-Já não faz diferença a soma do tempo. Ou a velocidade com que ele corre.
Penso que isso faça diferença não é?
Ele nem sequer me oferece a chance de encontrar seus olhos. Está zangado como se eu fosse à única culpada por alguém não estar pronto para nos acompanhar.
Acusa-me sem reservas, sem a menor sombra de doçura,e sua voz possui um tom duro e seco:
- Você estragou tudo. Eliminou minhas pequenas chances... E depois, tenta enganar-me com as leis da física e... Anda agora a discutir Lavoisier. Não vou cair nessa,preste atenção: Não vou cair nessa. eu estava lá, de mãos dadas contigo, naquela tarde chuvosa.E o que você fez???
Ainda um tanto pasma com tamanha dureza na acusação, respondo:
-Sim. Você estava lá comigo. O que não sabe, é que naquela tarde eu só estava lá porque me destes as mãos. Sem você, não enfrentaria o primeiro olhar, correria de medo quando o sino tocou a primeira vez.
Ele interrompe sem paciência, minhas palavras parecem não surtir efeito algum...
-Você correu... Tenho certeza que estava distraída no primeiro toque,bastou um pequeno descuido , você vestiu a armadura e fugiu,ignorando qualquer desejo meu.
Agora sou eu quem precisa impedi-lo de prosseguir... Temo que ele jogue algumas afirmações que nem o tempo consiga dissolve-las.
Digo:
-Tudo bem.
Ele já conhece esse “tudo bem” quando não está nada bem... –
-Confesso que fugi. Morri de medo depois do seu discurso.
-Os sinais me pareceram tão conhecidos.
- E penso que não precisava derramar-se em versos, explodir como um vulcão, arder em brasas de amor. Afinal estava chovendo e perdestes para um guarda chuva. Fiquei ali, com cara de paisagem, tendo que ler os resultados dos seus impulsos, e ainda assinar em baixo por fidelidade. E quando me virou o rosto e deixou-me só, naquela situação, num tempo real sem sua presença, chorei como criança que não sabe voltar para casa. E desde aquela tarde, tenho tentado convencer-te de que erramos o alvo, mas se nos separarmos, nem mesmo isso, acontecerá novamente.
Agora ele me olhou de verdade. Seus olhos já não estão opacos. Isso me encoraja a prosseguir embora esteja com medo...
- Sempre ouvi dizer: Não desista dos seus sonhos. Mas, não sei o que fazer nesse caso, onde fora o sonho quem desistiu de mim.
Percebo que ele desejou tocar meu rosto. Mas, continua calado, talvez, esteja a espera que eu diga algo que venha contradizer-me, o momento é delicado, estou emocionada por demais para encontrar uma argumentação lógica. E ele está ali a dois passos dos meus braços, com aquele olhar de quem espera que eu diga a palavra certa. A palavra que nos salve, ou nos resgate. Por Deus, não encontro a tal palavra que vença essa distância enorme de dois passos. Aguardo um milagre. Ou melhor... Nós dois aguardamos por um milagre que nos permita com partilhar essa dor de termos falhado... Talvez esse seja o segredo. Admitir que erramos juntos.
Vejo que ele está tão triste quanto eu, preciso reunir forças para quebrar esse silêncio...

- Nunca poderei esquecer o que uma gota de orvalho escorrendo preguiçosa pela folha da laranjeira numa manhã provoca-me aqui dentro, só porque está ao meu lado. E como o canto de um Sabiá pode ser diferente e único quando me abraça a alma. Não posso viver sem ter você comigo. Já não sei afirmar onde começas ou onde termino. Se me deixar, leva contigo minha vida de histórias. Os livros certamente vão emudecer. E a poesia será um conjunto gramatical. Meu coração passará a ter média e parâmetros para pulsar... Vou ter idade cronológica, e nunca mais conseguirei vencer distâncias físicas.
Escuta:
- Você é minha leveza de viver. E porque me despertas, tenho um amanhecer com orvalho, laranjeira e canto de Sabiá. Se me deixar... Vou adormecer por dentro.
-Hei. Conheço esse olhar de menino.
-Pode falar. Prometo ouvi-lo...
Ele agora está me olhando nos olhos, subtraiu um passo. Pressinto que seja um bom sinal. Ele vai falar...Ele vai falar.

-Não me arrependo de entregar-me em versos, ou por arder de amor, te deixei por uns instantes porque senti que errei na dose, contei que pudesse consertar a situação,acreditei que não correrias como uma fugitiva, afinal estava tão empenhada naquelas equações matemáticas, achei que encontraria um denominador comum naquela questão. Não imaginei que o valor do X, te faria saltar poças, e muito menos encharcar meu ombro com uma chuva salgada...
Ameaço falar...
-Ainda não acabei.
-Estou quase acreditando que erramos o alvo... Mas...Aprendi aqueles versos contigo...e ...acreditei no mar calmo e encantei-me com o mar bravio,entende???
-Podemos pensar nisso como um bom ensaio, o que acha?

Ele sorriu de canto...Quase me tocou...Preciso reconhecer que está com a razão.

-Penso ser uma boa saída.
-Sim. Vamos ter outras tardes chuvosas, e vou prestar mais atenção nos guarda-chuva, jamais enfrentarei outro tão simpático.

Por Deus, acho que peguei pesado com a tal história do guarda-chuva.Preciso tentar desfazer isso...

- Esqueça o guarda-chuva. Não lembro onde ele estava e muito menos se tinha bolinhas. Falei para te neutralizar. Para chamar sua atenção para os meus olhos. Mexer com o seu ego de sonho.
Nossa! Não estou gostando agora de sua expressão...Ele recuou um passo.Parece indignado.
- Então usou um golpe baixo e confessa que me conhece o bastante para usar armas sutis?
Agora realmente tenho certeza que está bravo...
- Por favor, estava longe dos meus momentos criativos e você durão demais nessa história.
- Eu durão? Primeiro perco atenção para um guarda chuva e depois sou classificado : histérico, impulsivo, excessivo, e ainda ser péssimo em alvos. Estou demolido.
Nossa! Não é nada fácil discutir relacionamentos com um sonho... Ele não deixa passar nada.
- Docinho... Também está navegando aqui nas minhas sinapses, a ideia de que corri muito rápido do valor do X. Estou frustrada por reconhecer que está certo nessa afirmação. Também posso lembrar que não consegui saltar as poças, até tentei pular, mas, acertei todas que estavam no caminho, também tremi de frio e dor, não por errar o alvo, mas por temer que desistisses de estar em minha vida. Chorei no seu ombro por saber que poderia confiar em ti. E fosses gentil.
-Agora, vamos lá, segure minha mão com força, vamos pensar que foi um bom ensaio, e que na próxima vamos acertar. O que acha? Chegará o dia da estréia.Vamos estar afinados.
- Suas mãos estão quentes. Quem sabe não possam desenhar versos novos ??? Para o caso de novos ensaios... Precisamos aprimorar a performace...Uns bons versos ajudam...Vamos lá...Não somos uma dupla tão ruim asim...Falou sério sobre amanhecer,orvalhos e laranjeiras??? Quer saber o que acho??? Fomos sabotados naquela tarde pela chuva...





4 comentários:

Unknown disse...

Esta é a Cris.Aleluia!!!!regressaste e com muita força.tens uma imaginação muito particular,querida amiga.Adorei o texto´.

Força aí, menina, continue seu sonho...

Daniel disse...

Sonhaste ou viveste?
Quem sonha é porque está vivo.
(Quantos anos tinhas quando tiraste aquela foto? Vinte e dois?)

Cris disse...

Lia minha flor
Adoro essas brincadeiras,a vida parece só ter graça assim...Conto com sua ajuda para ter forças.Vou continuar com o sonho,afinal depois de discurtirmos fui perdoada.
Beijos linda.

Daniel
Não sei viver sem o sonho,ele andou um pouco cansado da minha companhia,mas consegui passar a conversa.
Com sua afirmação concluo que estou bem viva então.
Ah obrigada pelos vinte e dois anos,mas são quarenta e dois na foto,aqui dentro do peito 22.
Beijos meu querido

Anônimo disse...

Cris
VOCÊ É LINDA!!!
Edson