terça-feira, 2 de junho de 2009

Hora de fechar o livro ... Esquecer as cartas...



O inverno bate a porta do tempo, e então, percebemos que percorremos todos os caminhos errados.
Vou fazer o vôo do Fernão... Sussurrar no ouvido de Richard que escolhi o caminho inverso. Ao menos tenho como dizer o que acontece com quem escolhe a segunda opção ao atravessar a ponte. Cheguei mesmo a acreditar em princesas e cavalheiros. E o mestre dos sonhos, não existe,eu o criei , recriei, e o destruí na velocidade dos sonhos.
O que restou?
Descobri que meu destino está além das fronteiras e se foi para sempre...
Richard você mentiu. E o pior é que acreditei em suas mentiras. E hoje, elas me corroem a alma. Penso que não mentiu de propósito. Você também acreditou em sonhos... Embarquei contigo em Ilusões. Hoje compreendo porque trocou gaivotas por Furões. Talvez, todas àquelas horas de vôo tenham sido em busca do menino que Exupéry nos desenhou. Ele também mentiu. Precisou criar aquele menino para sobreviver ao deserto de si mesmo. E nós dois caímos nessa mentira, e voamos por acreditar que uma rosa pode ser única no mundo. Atravessamos esse deserto em busca de uma raposa simpática e ela quase nos devorou. E por fim, encontramos lojas de amigos, mas não tínhamos o dinheiro para aquisição. E o amor é uma moeda que a muito esta fora de circulação, e não nos atentamos para isso. Gostaria ao menos de ter lhe encontrado uma única vez, ainda que não falássemos a mesma língua, penso que, bastaria nos olharmos dentro dos olhos e tudo estaria dito. Diga que ao menos acredita nisso...
Sua literatura é menor Richard,sinto muito,quem se interessa por aviões no deserto, gaivotas que quebram regras, jogos de xadrez como interação e divórcios?
E o Messias? Você é louco.Calma ,estou nessa contigo.
Uma Ponte para o Sempre? Qual é o seu problema Richard.Como pode escrever esse livro?
Quem vai estar interessado nas dores,inquietações e buscas de um autor?
Eu? Sinto muito. Sou apenas poeira.
Fico imaginado quantos desistiram de ir até o fim da leitura da Ponte para o Sempre, porque buscavas um amor, e acreditavas em alma gêmea, poupe-me Richard, você apelou. Isso não existe. E sabe o que mais? Estive todo aquele tempo contigo, torci pra valer para que conseguisse encontrar. Sabe quantas vezes li aquele livro? Perdi a conta. Mas, durante vinte anos foi o meu livro de cabeceira. E por todos esses anos acompanhei cada novo livro seu, desejando sabr como você estava,e sofri com sua mudança para os Furões, percebi que estava sofrendo ou desacreditando.
Eu o compreendo,juro, sou toda errada como você.Talvez sejamos esquizofrênicos,ou quem sabe caímos em uma planeta errado,não importa,sempre soubemos que fomos frutos de um acidente sexual. E vivemos como acidentes.
Meu amigo escritor, tão solitário e pouco amado,hoje, apenas hoje, sei exatamente o que sentias quando abandonastes as gaivotas. Sinto muito por nós. E também pelas gaivotas.
Voltam a ser apenas pássaros lixeiros das areias marinhas.Ainda assim,são mais importantes que nós dois juntos, elas podem voar e nós já não podemos,porque deixamos de sonhar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tu tens uma maneira tão espontânea de dizer as coisas, tão simples, tão natural, que só posso agradecer-te a emoção que me provocas.
E quem é que deixou de sonhar? Atreve-te!
Beijos, minha querida cris!

LIA

Cris disse...

Lia minha flor
Não sei escrever como os meus escritores e como o meu lar.
Deixo em Pasárgada apeas aforma como construo meus pensamentos e acredito numa vida simples e bela como as flores do campo.Mas,quanto aos sonhos? Talvez, seja o meu jeito de sonhar preto e branco,ou suplicar um colo.
Obrigada por nunca me negar esse colo.
Minha poetisa sua fala é prosa.Sempre.Ah, e seu olhar é verso único.
Beijos