Lembro-me de tudo:
Um gesto a abrir,
rosas branca na haste,
o milagre do pão,
a ternura que deixaste
como um rio desliza,
num silêncio de gumes.
Os adeuses digo,
único passageiro no navio.
levo o saibro das lágrimas,
e vou sozinho.
A guitarra da chuva persiste.
Se eu tinha coração? De ouro...
Quase ia dizendo puro,
uma árvore à beira da vida
Consumiu-o depressa a labareda
neste desolado cais.
No cais da saudade,morre um sonho mais.
a esfumada paisagem,o porto solitário.
depois o imenso,profundo oceano,
enquanto o céu ainda é azul.
Comerei o pão que deixaste
para a minha fome,
uma esmola para o pobre marinheiro.
Haverá um sinal?
Apenas um sinal no céu:
Os deuses que tivemos devorámos.
Coração apagado,
uma açucena na estrumeira.
Pior é morrer
culpado de alguma culpa inocente.
E a noite.A noite,por fim,indiferente.
Daniel de Sá.
6 comentários:
Cristina, olha que este poema não é meu. Quer dizer é e não é. Peguei em versos do Eduíno de Jesus, um daqui outro dacolá, raramente dois do mesmo poema, e juntei-os para fazer um poema novo.
De vez em quando faço uma malandrice dessas. Mas o Eduíno, que é uma alma maravilhosa, até achou graça.
Um beijo.
Daniel
Querido
Se fez os arranjos com os versos,o poema é seu.Gosto dessas malandrices.
Ja fiz esta experiência há anos, com poemas de Eugénio de Andrade.Este ano os meus alunos fizeram o mesmo com poemas de Camões.Adoraram a ezperiência.
Este está soberbo e até arrepia.
Daniel de Sá? Sucesso garantido!
LINDÍSIMO
Abraço bem forte para os dois da vossa Lia.
Correcção:
Experiência e Lindíssimo!
Mais beijinhos da Lia
Gostei do jogo... interessante
bjs
Crsitina e Lia
Vocês são umas exageradas! Mas há exageros que agradam, confesso. Obrigado.
Delfim, os beijos são também para mim ou só para as nossas amigas? À cautela, deixo-te um abraço.
Postar um comentário