Sou ave encolhida no canto do mundo
Presa por muralhas que eu mesma construí
Já não canto
Sussurro um pedido
Quase uma oração:
Deixe-me ir...
Ainda que meu vôo seja vacilante
Ainda que me faltem forças necessárias
Para erguer minha alma do chão
Deixe-me ir...
Mesmo não crendo nos campos de trigo
E que as flores não me surpreendam
Preciso acreditar
Que posso voar para longe desse inverno
que teima em queimar meu peito.
Posso voar sem direção
Não há sonhos a me guiar
Deixe-me tentar fazer a vida amanhecer
Deixe-me ir...
Para viver ou morrer
Não importa
Ao menos tenho que tentar
ir a procura
do meu verdadeiro lar
Antes que me roubem o derradeiro desejo de querer partir
Antes que eu esqueça que sou ave
Que sou livre
Embora encolhida no canto do mundo.
Cristina Vianna
Vamos?
Há 3 anos
4 comentários:
Lindo, ave ferida!
Beijinho do teu lar.
Querida Cris,
Claro que tens as "forças necessárias" "Para erguer" a tua "alma do chão" e "voar para longe desse inverno".
Poema lindo, como tu!
Beijinho
És amor em pessoa
Pássaro que deve voar alto e quando regressar
Encontrar alguém que possa te acolher
Fazeres cantar de alegria
E não de dor.
És pássaro e deves voar alto
Como o açor.
Voar para longe, ver o mundo,
Os campos de trigo,
Olhar as flores e acreditar
Que ainda vale a pena viver.
Deves voar para longe do frio
E ir de encontro ao calor
De um verão ou de um grande amor.
Voa, voa para encontrar o que mereces
Viva, viva intensamente a vida!
Ame, viva; mereces afinal
Mais do que todos neste mundo amar.
Afinal és amor!
Cristina, tu és capaz de criar até o próprio ar de que precisas para o teu voo. E há sempre uma árvore disposta a receber-te quando precisares de descanso.
Beijos.
Daniel
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